Movimentos Sociais
Há quem defenda que as lutas das mulheres dividem nossas filas. Que o importante é a identidade de classe e que, dentro da classe trabalhadora, “somos todos iguais”. A verdade, porém, é que não somos. Mesmo dentro de nossas organizações da esquerda, muitas vezes as mulheres são sobrecarregadas em tarefas como garantir o cafezinho, fazer a secretaria, dar conta do cuidado das crianças. Ao mesmo tempo, o poder de fala e os cargos de direção são frequentemente hegemonizados por homens.
Esse tipo de divisão do trabalho termina reproduzindo desigualdades que, em nossa sociedade, contribuem para a própria acumulação capitalista e para o aumento dos lucros da classe dominante. E é fundamental que todes es companheires entendam isso e assumam esse enfrentamento como seu.
O marxismo é fundamental para a luta das mulheres trabalhadoras em dois sentidos: 1) como ferramenta para ajudar a compreender e transformar o mundo de hoje; 2) devido aos exemplos de transformações nas quais o marxismo já serviu como ferramenta de transformação ao longo da história.
Veremos aqui alguns aspectos dessa relação Marxismo e Mulheres
Um primeiro elemento importante de reconhecer é que nós somos animais cuja natureza é social. Criamos cultura, reproduzimos e transformamos valores. Nossa natureza biológica não pode ser separada de nossa sociabilidade e a forma como nos reproduzimos enquanto animais é sempre culturalmente determinada. Nada em nós deve ser naturalizado, ou tomado como inevitável. E a perspectiva materialista, histórica e dialética que o marxismo traz é crucial para essa desnaturalização.
Quando uma companheira é colocada para passar o cafezinho – como se essa tarefa naturalmente coubesse a ela –, ou quando é automático que fiquemos responsáveis por alguma relatoria de maneira assessória aos homens, estamos coletivamente reproduzindo a divisão social do trabalho da sociedade capitalista: racista e misógina.
Nossa sociedade naturaliza todos os dias a desumanização de mulheres, o feminicídio, a cultura do estupro, a objetificação e o silenciamento. Isso tudo se reflete inclusive na própria esquerda e são valores contra os quais devemos lutar. São estruturantes da sociabilidade capitalista.
Em termos da divisão do trabalho, a generificação binária e a desumanização do feminino traz a desvalorização também das tarefas que são vistas como “trabalho de mulher” e uma divisão binário-generificada do trabalho. A desvalorização dessas tarefas, por sua vez, traz a invisibilização das mesmas: a cada 10 horas de trabalho realizado por mulheres no mundo, 6 horas e meia são totalmente invisibilizadas e não são sequer consideradas como trabalho.
Grande parte desse trabalho reprodutivo – como o trabalho doméstico e de cuidado não assalariados – não é reconhecido como fundamental para a reprodução da vida e do mundo. No entanto, se ninguém o realizasse, seria impossível sobrevivermos! Tal trabalho não é reconhecido como necessário sequer para a reprodução da nossa própria capacidade de seguir trabalhando, isto é, de nossa força de trabalho, o que faz com que estas tarefas frequentemente não sejam remuneradas. Elas só entram na conta dos salários da parcela mais bem remunerada da classe trabalhadora, que recebe o suficiente para comer em restaurantes ou, no Brasil, como herança da escravização, para contratar os serviços de uma trabalhadora doméstica.
Quando remuneradas, por sua vez, estas tarefas seguem sendo desvalorizadas, mesmo se forem realizadas por homens. As mulheres que as realizam, por sua vez, geralmente acumulam esse trabalho tanto para fora quanto dentro de casa, de maneira invisível, com jornadas de trabalho duplas ou triplas. No mundo, 8 a cada 10 trabalhadoras domésticas, babás e cuidadoras são mulheres. No Brasil, este número sobe para 9. E, a cada 10 delas, mais de 6 são negras. Nas regiões Norte e Oeste do país, a maior parte das trabalhadoras domésticas têm origem indígena.
Nesse sentido, o marxismo nos dá ferramentas para pensar como a acumulação capitalista afeta toda a nossa subjetividade, todas as nossas relações interpessoais, de amizade, familiares, afetivossexuais. O valor de troca subordina eticamente o conjunto de valores da nossa sociedade. Por outro lado, essa percepção indica também a importância de construirmos, em nossa luta, valores relacionados ao cuidado e à comunidade, que são costumeiramente associados à natureza e ao feminino. Esta construção de novos valores é um dos pilares do Movimento das Trabalhadoras e Trabalhadores Sem Terra e é ainda mais importante nesse momento, de crise ambiental capitalista, no qual enfrentamos catástrofes climáticas, extinção de espécies e o risco da extinção da nossa própria espécie.
O marxismo é fundamental para a luta das mulheres trabalhadoras, ainda, porque nos ajuda a compreender que, apesar das relações patriarcais de gênero afetarem todas as mulheres, há mulheres que são inimigas de classe e se beneficiam dessa diferença de gêneros na divisão do trabalho: o fato de que a maior parte do trabalho reprodutivo seja desvalorizada, invisibilizada e não contabilizada na determinação dos salários da classe trabalhadora permite que a classe dominante se aproprie, sob a forma de lucro, de uma parcela maior de todo o valor que é produzido. E isso beneficia também mulheres da classe dominante.
Já desde o século XIX, o marxismo nos ajuda a ir além do feminismo liberal, que exigia apenas igualdade de salários e cargos, ou o direito ao voto feminino. Até hoje, as experiências de revoluções socialistas foram aquelas que conquistaram a maior proporção de direitos efetivos para mulheres. A União Soviética, por exemplo, não apenas foi o primeiro país a pagar salários iguais a mulheres e homens pelo mesmo trabalho, mas realizou as primeiras experiências de socialização do trabalho doméstico, com restaurantes comunitários, lavanderias públicas e creches. A URSS foi a primeira a garantir tanto o voto quanto a eleição de mulheres (1917), a regularizar o casamento civil e o divórcio por vontade também da mulher (1918) e a garantir o direito ao aborto (1920), bem como cuidados reprodutivos a gestantes e lactantes. Em Cuba, outro exemplo de socialismo, existem até hoje restaurantes públicos coletivos e mais da metade das deputadas da Assembleia Nacional são mulheres.
Também na construção de lutas que não chegaram a tomar o poder, o marxismo tem sido fundamental para a compreensão e transformação da realidade. A perspectiva de totalidade presente na contribuição de marxistas negras como Angela Davis, por exemplo, é fundamental para compreender o papel da violência e da desumanização de pessoas negras para a reprodução da força de trabalho no capitalismo, em particular o papel da violência e do estupro contra mulheres negras, confrontando perspectivas que idealizam a branquitude como sujeito universal.
O marxismo nos permite, assim, ir além também de uma naturalização essencializada do feminino que imagine que todas as mulheres “são irmãs”, muitas vezes racista e transfóbica. O feminismo marxista permite enfocar o conjunto da reprodução social e compreender a relação entre classe, raça e gênero verdadeiramente como totalidade. Não apenas como opressões diferentes que se cruzam, mas na constituição concreta da classe trabalhadora, indissociável da reprodução social capitalista.
É verdade que nem sempre, na história do marxismo, isso foi assim. E que, até hoje, há muita gente que defende uma perspectiva marxista fechando os olhos para o racismo, para a misoginia, para a transfobia e para tantas outras dimensões estruturais para a acumulação capitalista. O marxismo mais fértil como ferramenta de luta, porém, é aquele que busca entender a realidade enquanto totalidade, como ela é e, a partir do reconhecimento das contradições nas quais estamos inseridos, buscar superá-las coletivamente.
O marxismo e o feminismo também são construções históricas, e cabe a nós lutarmos pelo marxismo e pelo feminismo que queremos construir.
Texto: Marina Gouvêa - Professora da UFRJ, economista e colaboradora da Escola Nacional Florestan Fernandes
Referências:
BUTT et alli. “Alternativas radicais ao PIB: a urgência de buscar alternativas feministas e decoloniais”. Londres: Oxfam, 2023.
LAWSON et alli. Tempo de cuidar. Londres: OXFAM, 2020.
Dados do Dieese. Disponíveis em https://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2022-04/mulheres-negras-sao-65-das-trabalhadoras-domesticas-no-pais .
Reprodução da página do MST - Editado por: Lays Furtado
O Médicos Sem Fronteiras (MSF) condena veementemente o ataque israelense em Al-Mawasi, Khan Younis, em Gaza, que matou duas familiares de um profissional de MSF. Outras seis pessoas ficaram feridas no ataque.
No fim da noite desta terça-feira (20/02), as forças israelenses realizaram uma operação militar em Al-Mawasi, localizada na costa de Gaza, durante a qual um tanque israelense disparou contra uma casa que abrigava profissionais de MSF e seus familiares. O ataque matou a nora e a esposa de um de nossos colegas e feriu seis pessoas, cinco das quais são mulheres ou crianças. Os disparos foram feitos contra um edifício claramente identificado como de MSF, atingindo o portão da frente, o exterior do prédio e a parte interior do andar térreo.
As equipes de ambulância ficaram impedidas de sair por mais de duas horas devido ao bombardeio na área. Mais tarde, os profissionais conseguiram chegar ao local e levar os feridos, alguns com queimaduras, para o hospital International Medical Corps Field, em Rafah.
“Estamos indignados e profundamente tristes com essas mortes”, lamenta Meinie Nicolai, diretora-geral de MSF, que atualmente coordena nossas atividades médicas em Gaza. “No mesmo dia em que os Estados Unidos optaram por vetar um cessar-fogo imediato, duas filhas viram sua mãe e sua cunhada mortas por um projétil de um tanque israelense.”
Médicos sem Fronteira alertam, "Lugar nenhum em Gaza é seguro"
“Essas mortes ressaltam a triste realidade de que nenhum lugar em Gaza é seguro, que as promessas de áreas seguras são vazias e os mecanismos de desconflito não são confiáveis”, ressalta Nicolai. “A quantidade de força usada em ambientes urbanos densamente povoados é impressionante, e atacar um prédio sabendo que está cheio de profissionais humanitários e suas famílias é inconcebível.”
No momento do ataque, 64 pessoas estavam abrigadas na casa. Todas as partes envolvidas na guerra, incluindo as forças israelenses, são regularmente informadas sobre a localização e têm conhecimento da presença de equipes de MSF em locais específicos. As forças israelenses foram claramente informadas da localização precisa deste abrigo de MSF em Al-Mawasi. Além disso, uma bandeira de MSF de dois por três metros estava pendurada do lado de fora do prédio. Nenhuma ordem de evacuação foi emitida pelas forças israelenses antes do ataque. Entramos em contato com as autoridades israelenses e estamos buscando mais informações.
Alguns de nossos colegas e seus familiares que viviam no abrigo de MSF antes do ataque em Al-Mawasi já haviam sobrevivido ao ataque de 8 de janeiro em outro abrigo de MSF, em Rafah, que matou a filha de 5 anos idade de um integrante da equipe de MSF.
Isso demonstra, mais uma vez, que as forças israelenses não estão garantindo a segurança dos civis em suas operações militares e mostra um completo desrespeito pela vida humana e falta de respeito pela missão médica. Esse cenário torna quase impossível manter as atividades médico-humanitárias em Gaza.
As equipes de MSF estão apoiando nossos colegas e seus familiares que sobreviveram ao ataque de ontem, assim como os entes queridos daqueles que foram mortos.
Quatro profissionais de MSF foram mortos desde o início da escalada da guerra, além de diversos familiares.
Reiteramos o nosso apelo por um cessar-fogo imediato e sustentado em Gaza. A violência contra civis deve acabar agora.
Clique aqui e faça uma doação para o Médicos Sem Fonteiras.
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Texto e Foto são uma reprodução do Médicos Sem Fronteiras
Anualmente o Dia Internacional do Orgulho LGBTQIAPN+ é lembrado e homenageado no dia 28 de junho, uma data memorável para a história da humanidade. Mas você conhece o significado de cada uma das letras que compõe a sigla? Hoje trouxemos informações detalhadas sobre a diversidade tão presente mas tão menosprezada na sociedade.
A sigla
Por trás da sigla LGBTQIAPN+ existe uma história representada por cada uma das letras que a compõe. Embora tenham sua origem ligada a sentidos pejorativos, sabemos que a luta pela diversidade é constante e hoje, mais do que nunca, vem sendo evidenciada uma consciência coletiva em prol da liberdade de expressão. Conheça os termos e celebre as diferenças!
Lésbicas
Primeira letra da sigla que defende a diversidade, “L” significa lésbicas, mulheres, cis ou trans, que sentem atração afetiva e/ ou sexual por outras mulheres, também cis ou trans. Mas, você sabe de onde vem a origem dessa expressão? Prepare-se para viajar para a Grécia!
Desembarcamos na Ilha de Lesbos por volta de 630 a.C. para conhecer Safo, a poetiza que, de acordo com pesquisadores, foi a pioneira em escrever sobre amor e sexo entre mulheres, tornando seu lugar de origem uma referência mundial das relações homoafetivas – embora ainda haja quem diga que Safo também tenha se envolvido com homens, seu empoderamento é inquestionável. Como esperado, seu exílio foi inevitável. Mas, logo que retornou à capital Mitilene, a poetiza abriu uma escola para mulheres em que falava livremente sobre música, dança, poesia e poder feminino.
Até o século XIX, o reconhecimento das lésbicas era ligado a perversão e condenação. Hoje, é símbolo da luta pelo amor, como revela artigo divulgado pela Catraca Livre.
Gays
A palavra gay vem de origem inglesa e pode ser interpretada como alegre. Trata-se de um termo para designar homens, sejam cis ou trans, que sentem atração afetiva e/ ou sexual por outros homens, da mesma forma cis ou trans.
Em meados do século XVII, o termo gay estava associado à imoralidade – de acordo com o dicionário de Oxford, “viciado em prazeres e diversão. Muitas vezes, eufemisticamente: Da vida solta e imoral”. Curiosamente, por volta do século XIX, a expressão passou a se referir a prostitutas ou homens que se relacionavam com muitas mulheres. Já em 1930, o significado se direcionou a homens que tinham relações sexuais com outros homens e se mantém até hoje como um modo formal de denominar a orientação.
Para saber mais detalhes históricos das mutações do termo, acesse o blog Mega Curioso.
Bissexuais
A bissexualidade diz respeito a pessoas cis ou trans que sentem atração afetiva, sexual ou emocional por mais de um gênero, como uma identidade fluida. Para que essa voz fosse ouvida, foi publicado o Manifesto Bissexual pela revista Anything That Moves em 1990. Mas você também pode acessar a tradução em artigo do Medium.
Transgêneros/ Travestis
O significado de transgêneros tem relação não com a orientação sexual, mas sim com a identidade de gênero, ou seja, diz respeito a forma com que uma pessoa se identifica com feminino ou masculino.
Já “trans” – de origem latina, significa “além de” – é o primeiro termo que se tem conhecimento a se referir a travestis. O complemento “vestire” – também vindo do latim – passou a compor a expressão de modo a indicar “pessoas que exageram nas roupas”. Rapidamente a palavra se popularizou e foi recebendo sentidos semelhantes, como a expressão italiana “lui è travestito” traduzida para “ele está disfarçado”.
Apesar de todo o estigma e marginalização envolvidos na história, essa fonte serviu como consolidação para um modelo de militância que promete prevalecer enquanto a sociedade persistir no preconceito. Saiba mais sobre as travessias da população trans.
Queer
De origem inglesa, “queer” significa “estranho” e deu nome a um lugar chamado Queer Street onde as pessoas discriminadas pela sociedade eram alocadas. Embora fosse uma expressão muito utilizada para ofender pessoas LGBTQIAPN+, ao contrário do que esperavam, o grupo aderiu ao termo de forma a abraçar todos que não se encaixem dentro da heterocisnormatividade, ou seja, hétetos e cis, a parcela da população que se identifica com seu sexo e gênero de nascença.
Intersexuais
Intersexualidade está ligada a pessoas em que os aspectos biológicos definem o sexo, como cromossomos, hormônios, orgãos internos e externos. Ou seja, é um termo que descreve a anatomia relacionada a questões reprodutivas ou sexuais que se diferenciam nas definições típicas de homens ou mulheres, de acordo com Sociedade Intersexo da América do Norte.
Assexuais
No LGBTQIAPN+ a assexualidade é uma orientação como hétero, homo ou bi. A diferença é que não há atração sexual, apenas afetiva. Assim como as outras, é possível manter namoro e casamento, porém com ausência de qualquer desenvolvimento em relações sexuais, com revela relatório do Programa de Estudos em Sexualidade (ProSex) da Universidade de São Paulo (USP) realizado em 2008: 7,7% das mulheres e 2,5% dos homens brasileiros fazem parte desse grupo.
PAN / POLI
Pessoas pan sentem atração por todos os gêneros, ou independentemente do gênero. Pessoas poli sentem atração por muitos gêneros. (Falo aqui de pessoas polissexuais/polirromânticas; não confundir com poliamor, que é ter mais de ume parceire num relacionamento compromissado). A inclusão do P ajuda a ressaltar que pessoas multi que não se consideram bi também estão inclusas na comunidade.
Não-Binárias
Pessoas não-binárias são as que não são somente, completamente e sempre homens ou somente, completamente e sempre mulheres. Engloba pessoas sem gênero, com vários gêneros, com gêneros separados de homem e mulher, com gêneros parecidos com homem ou mulher, entre outras. Pessoas não-binárias podem se dizer trans, mas algumas não se consideram trans. Além disso, a inclusão separada da letra N ajuda a ressaltar que pessoas não-binárias estão inclusas na comunidade, e não só pessoas trans binárias.
+
O “+” é o termo coringa que engloba todas as letras da sigla completa LGBTT2QQIAAP, respectivamente se referindo a lésbicas, gays, bissexuais, transgêneros, transexuais, 2 Spirits – segundo nativos americanos, trata-se de uma pessoa que nasceu com espíritos masculinos e femininos -, queer, questionado – aqueles que ainda estão se encontrando -, intersexuais, assexuais, aliados – todos que prestam apoio – e pansexuais – atração sexual independente de identidade de gênero ou sexo.
Manual do Orgulho LGBTQIAPN+
A Edayne Silva, Gabrielle Menezes e Isabela Bootz, integrantes do time de Comunicação Interna do Blog Printi, desenvolveram um Manual do Orgulho LGBTQIAPN+ com tudo o que você precisa saber sobre a data. Conheça o episódio histórico por trás do dia internacional da diversidade.
CLIQUE E BAIXE O MANUAL DO ORGULHO LGBTQIA+
LGBTQIAPN+ LGBTQIAPN+ LGBTQIAPN+ LGBTQIAPN+ LGBTQIAPN+ LGBTQIAPN+
Texto escrito por: Maryene Oliveira | Blog da Printi
Atualização: Rikáryo Mourão com informações do Orientando.org
Todas as Imagens são de autoria da Printi
Na manhã desta terça-feira, 17/08, realizamos um protesto pacífico em frente à entrada da Câmara dos Deputados, em Brasília, encenando a entrega do Troféu Motosserra de Ouro Edição 2021 ao presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL).
Com uma produção inspirada na premiação do Oscar, com tapete vermelho, convidados vestidos de gala e uma mestre de cerimônia, a atividade teve o objetivo de denunciar a boiada destruidora que Arthur Lira vem passando na Câmara, ao colocar em votação projetos de lei que ameaçam gravemente a Amazônia e outros ambientes naturais, os povos da floresta, do campo e da cidade e o clima global.
Veja a cobertura no instagram do Green Peace
Na encenação, ativistas do Greenpeace vestidos como convidados da festa aguardavam o grande vencedor. De um carro de luxo, desceu um homem caracterizado como Arthur Lira, exibindo no pescoço seu crachá de “funcionário do mês do (des)governo Bolsonaro”.
“Arthur Lira é hoje o funcionário número um do presidente Jair Bolsonaro, pois tem colocado em votação uma série de projetos de lei que vão contra os interesses da população brasileira e que rezam pela cartilha antiambiental do governo federal, e irão aumentar ainda mais as taxas de desmatamento e queimadas, além de estimular mais o roubo de terras públicas e a violência contra populações tradicionais e do campo”, afirma Thais Bannwart, porta-voz de Políticas Públicas do Greenpeace Brasil.
Como presidente da Câmara, Lira é quem tem o poder de colocar em votação ou bloquear propostas nocivas ao meio ambiente e às pessoas. Mas, em menos de seis meses de mandato, Lira tem escolhido pautar projetos de lei que representam um gigantesco passo para trás quando se trata de proteção ambiental, como o PL do (não) Licenciamento Ambiental e o PL da Grilagem, e promete avançar contra os povos indígenas e liberar mais agrotóxicos nas próximas semanas.
Congresso Nacional fechado a sete chaves
O ativista que representava Arthur Lira também segurava um molho de chaves, que na encenação simbolizava que o Congresso Nacional está “trancado a sete chaves” para a sociedade.
“Arthur Lira se aproveita do período de distanciamento social devido à Covid-19, em que o Congresso Nacional está restrito para circulação de pessoas e as votações estão acontecendo em sistema semipresencial, para agir de maneira antidemocrática, pautando e aprovando projetos sem a devida participação da sociedade e sem transparência nas votações”, diz Thais.
No entanto, Arthur Lira deveria deixar de lado propostas que ameaçam o bem-estar coletivo e a economia brasileira e focar em soluções para conter a crise política, econômica e sanitária no país.
Há uma semana, a Organização das Nações Unidas (ONU) divulgou o relatório do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC), que alerta sobre a emergência climática que estamos vivendo e revela que a influência humana é responsável por alta de 1,07°C na temperatura global. O Brasil tem um papel fundamental no enfrentamento da crise do clima e o desmatamento da Amazônia, que segue batendo recordes mês a mês, é a principal fonte de emissões de gases do efeito estufa no país. Por isso é primordial alcançarmos o desmatamento zero com leis para conter a ação humana na destruição ambiental.
Motosserra de Ouro é um troféu dado pelo Greenpeace, há vários anos, àqueles que mais estimulam a destruição ambiental. A Motosserra de Ouro já foi entregue, por exemplo, à senadora Kátia Abreu, em 2010, por ter defendido o enfraquecimento do Código Florestal, incentivando o desmatamento. Em 2005, o então governador de Mato Grosso Blairo Maggi foi outro a receber o prêmio de nossos ativistas, por sua forte contribuição com a degradação da Amazônia.
Sociedade unida reprova conduta de Arthur Lira
As organizações da sociedade civil, como Observatório do Clima, Instituto Socioambiental (ISA), Instituto Democracia e Sustentabilidade (IDS) e Instituto Sociedade, População e Natureza (ISPN) fizeram coro à denúncia do papel extremamente danoso que Arthur Lira vem desempenhando como presidente da Câmara, ao passar as boiadas da política antiambiental do governo Bolsonaro.
“A atuação do presidente da Câmara ao viabilizar a aprovação de legislações importantes sem o devido debate, sabendo dos impactos negativos que essas legislações terão ao meio ambiente e ao clima no Brasil, qualifica ele para receber o prêmio.” - Adriana Ramos, associada do Instituto Socioambiental (ISA).
“Em apenas seis meses à frente da Presidência da Câmara, o deputado Arthur Lira já se igualou ao antiministro Salles nos danos à política ambiental. Viabilizou a votação de duas leis com conteúdo muito ruim, um texto sobre licenças ambientais que na prática implode com o licenciamento no país e a Lei da Grilagem. Toda semana anuncia pautas com retrocessos ambientais. Além disso, leva os processos diretamente ao plenário, com relatórios que aparecem de última hora, praticamente ninguém consegue ler antes de votar. Um verdadeiro desastre.” – Suely Araújo, especialista sênior em Políticas Públicas do Observatório do Clima.
“Arthur Lira conseguiu em seis meses, fazer um estrago na política e na legislação ambiental brasileira, maior até do que o próprio Salles em dois anos e meia de gestão no executivo. Sobretudo por pautar projetos de lei, absolutamente contrários à política ambiental e climática brasileira, como o PL 3729 e PL 266. Por essa razão ele merece o prêmio Motosserra de Ouro. E isso também é uma sinalização ao Rodrigo Pacheco, que se ele não segurar a boiada no Senado, também passa a ser merecedor deste prêmio.” – André Lima, consultor sênior de Política e Direito do Instituto Democracia e Sustentabilidade (IDS).
“A estrutura de governança ambiental do país está sendo desmontada, e a participação social nos espaços de construção de políticas públicas é negada. O governo federal já demonstrou desinteresse em defender o meio ambiente, os povos indígenas e as comunidades tradicionais. E, o atual presidente da Câmara dos Deputados está a serviço daqueles que lucram com o desmatamento e a extração ilegal de madeira, que flertam com a mineração em Terras Indígenas e áreas protegidas, promovem a grilagem de terras públicas e negam as mudanças climáticas. Lira parece não ter compromisso com o futuro do Brasil, está em compasso com o presidente da República, e juntos são responsáveis pelos piores retrocessos nas políticas socioambientais do país. Faz jus e merece ser lembrado com essa premiação do Greenpeace” – Guilherme Eidt, assessor em Políticas Públicas do Instituto Sociedade, População e Natureza (ISPN).
As organizações que compõem o Fórum Cearense pela Vida no Semiárido, comprometidas com a defesa da Vida através da Agroecologia, da Convivência com o Semiárido e da Educação do Campo, se manifestaram em defesa da Lei Zé Maria do Tomé que defende o fim do uso de agrotóxicos e um compromisso com a vida.
Leia abaixo a nota na integra:
Nota do Fórum Cearense pela Vida no Semiárido (Articulação Semiárido Brasileiro / ASA Ceará) em apoio à Lei Zé Maria do Tomé
Fortaleza - CE, 10 de agosto de 2021
Dentre tantas ameaças que impactam diretamente a vida dos povos do campo está a pulverização aérea de agrotóxicos, responsável por despejar grandes quantidades de veneno nas lavouras do agronegócio e que também contaminam o solo e os corpos d’água, bem como as pessoas que estiverem no caminho da chuva tóxica, acarretando graves problemas de saúde. O Brasil todo sofre com os agravos da pulverização aérea, exceto um único estado, o Ceará, em função da aprovação da Lei 16.820 de 2019, que proíbe o despejo de agrotóxicos por aeronaves em território cearense. Trata-se de um grande e importante passo para a produção de territórios livres de veneno e com mais dignidade no campo. Diante de sua grande importância, é uma Lei que precisa ser defendida e um exemplo a ser seguido por todos os outros estados do país.
A aprovação da Lei 16.820/19, chamada de Lei Zé Maria do Tomé, representou uma conquista muito importante para todas e todos que sofriam cotidianamente com os impactos da pulverização aérea de agrotóxicos em suas comunidades. Na Chapada do Apodi, no leste do Ceará, isso era uma realidade constante e que tirava o sono e a saúde dos moradores, já que era comum a prática do despejo de agrotóxicos por aeronaves nas plantações de banana e que, por vezes, banhava também os quintais, os reservatórios d’água e as casas das comunidades. Empresas do agronegócio da banana tinham na pulverização aérea a forma mais viável de expurgar veneno em seus monocultivos, expondo o ambiente, os trabalhadores e os moradores aos riscos de contaminação. É nesse contexto que emerge a figura de Zé Maria do Tomé, um camponês que se voltou contra a prática da pulverização aérea e mobilizou as comunidades, entidades, movimentos sociais e universidades na luta contra o uso de agrotóxicos. Por conta disso, Zé Maria foi assassinado, revelando a ganância dos poderosos do agronegócio em seu projeto de morte para a Chapada do Apodi.
Reunidos no Movimento 21 de Abril (M21), essas comunidades, entidades, movimentos sociais e universidades, apoiadas em inúmeras pesquisas científicas que atestaram os danos à saúde das pessoas e do ambiente em decorrência da contaminação por agrotóxicos, continuaram a luta de Zé Maria do Tomé e conseguiram, por intermédio do deputado estadual Renato Roseno (do Psol), a aprovação da Lei 16.820/19. Essa Lei proíbe a pulverização aérea de agrotóxicos em todo o estado do Ceará e foi pioneira no Brasil, representando uma grande esperança de territórios livres de veneno, sem o risco de as pessoas serem literalmente banhadas de agrotóxicos e terem seus alimentos e a água de beber contaminados. A Lei é uma garantia de um mínimo de dignidade para as populações camponesas que se veem ameaçadas pela invasão do agronegócio em seus territórios, com a expansão do latifúndio, da monocultura e do uso em larga escala de agrotóxicos. É uma Lei que assegura a manutenção da vida nesses territórios.
Apesar da grande importância da Lei Zé Maria do Tomé, é necessário que se faça muito mais. Apenas proibir a pulverização aérea de agrotóxicos não é suficiente para impedir o aumento do consumo de veneno nos cultivos agrícolas. É preciso que haja políticas públicas e uma legislação específica que reduza progressivamente a utilização de agrotóxicos, ao passo que incentive e potencialize a produção de alimentos orgânicos e agroecológicos. Não podemos descansar enquanto for permitido o uso de veneno nas plantações, já que não haverá saúde para os trabalhadores do campo, os moradores das comunidades e os consumidores dos alimentos contaminados.
As organizações que compõem o Fórum Cearense pela Vida no Semiárido, comprometidas com a defesa da Vida através da Agroecologia, da Convivência com o Semiárido e da Educação do Campo, manifestam-se totalmente em defesa da Lei Zé Maria do Tomé. Defender o fim do uso de agrotóxicos é, antes de mais nada, ter um compromisso com a vida! Portanto, viva a Lei Zé Maria do Tomé e a luta contra os agrotóxicos!
Veja folder da lei aqui:
Do Cabeça Livre - O Teatro Pedro Lima Verde de Iguatu, inaugurado em 2009 encontra-se fechado. O espaço que sempre foi usado como panfleto para político junto aos artistas, hoje encontra-se fechado.
Os artistas do município sem teto procuraram a administração do prefeito Ednaldo Lavor (PSD) para saber quando o teatro seria reaberto e a resposta veio por um membro da secretária de Cultura, “fechado por tempo indeterminado”.
Em 2017 o teatro foi pintado nas cores da gestão e o Ministério Público (MP) de Iguatu, exigiu a mudança das cores, depois começou as goteiras que tem deixado esse teatro fechado sempre no período de inverno, depois as promessas do tempo da eleição de adicionar uma caixa acústica no local, não aconteceu e agora a queixa dos artistas do espaço interditado.
Os artistas estão tentando uma audiência na Câmara Municipal para tentar mobilizar apoio da população artístico iguatuense para que o equipamento seja reativado.
O premiado ator e produtor iguatuense, Rheginaldo Linhares, veio até as redes sociais expo a situação de dificuldade do teatro em um desabafo pelo sucateamento do espaço e da pouca valorização dos artistas locais.
Olá eu me chamo Rheginaldo Linhares, sou ator, produtor, diretor teatral, poeta, escritor, coreografo, Artista de modo geral de Iguatu/CE, nascido e criado nesta cidade. Venho por meio desta relatar o descaso e abandono do “Teatro Municipal Pedro Lima Verde” no bairro Prado, que deveria ser bem cuidado e zelado pela atual administração assim como foi por todas as demais administrações que aqui passaram desde a sua inauguração. Hoje venho em nome dos artistas que utilizam aquele local como sede de seus ensaios, oficinas, estufo cênicos e apresentações. Hoje o teatro municipal encontra-se interditado e isso coloca nos artistas e munícipes em total impotência pois essa atual administração catastrófica nos deixa nessa situação incomodante e revoltante, por isso e por meio dessas palavras levantamos essa indagação como pedido de socorro em nome do Teatro Municipal; o que pode ser feito por parte do legislativo municipal para encontrar uma solução cabível para salvar o nosso teatro que não só pertence a nós artista e sim a todo povo de nossa cidade. A princípio viemos solicitar uma audiência em sessão da Câmara Municipal de Vereadores para juntos salvar o nosso Teatro.
Desde já agradecemos a vossa atenção.
Vamos Juntos Salvar o Nosso Teatro!!!
Veja no link: encurtador.com.br/mqvU7
Procuramos informações sobre o local junto a secretaria de Cultura de Iguatu e até a publicação desse texto não obtivemos resposta.
Foto: http://cleodondeoliveira.blogspot.com