O 11 de Setembro Chileno, dia em que o governo democrático do presidente Salvador Allende foi deposto, é um exemplo da truculência das forças do atraso. Essa data não pode se repetir em nenhum país do nosso continente. O golpe comandado pelo general Augusto Pinochet teve como resultado o início de uma sanguinária e violenta ditadura militar, que assassinou mais de 30 mil pessoas. Golpe que contou com o apoio do governo norte-americano.

Tenho pelo Chile um carinho todo especial. Na época do golpe do 11 de setembro o Chile era o país latino-americano com maior estabilidade político, uma democracia, sempre aberto a receber os perseguidos políticos do nosso continente. Aqui mesmo do RN esteve por lá entre outros o nosso querido Rubens Lemos e sua família. Grande parte da intelectualidade brasileira, perseguida pelos golpistas de 1964, se refugiou no Chile.

Sempre no 11 de setembro relembro essa data. Este ano, (2012), fui conhecer a capital chilena, ver de perto o seu povo, conversar com os camaradas do Partido Comunista do Chile, saber como andam as coisas por lá. Foi uma excelente viagem. A capital chilena e as cidades de Valparaiso e Vina del Mar são belas, agradáveis e o seu povo muito hospitaleiro. Valeu a pena conhecer a terra de Neruda e de Gabriela Mistral.

11 de setembro

Revi, hoje, o filme Chove sobre Santiago, dirigido por Helvio Soto, 1975, uma produção Franco/Búlgaro. Filme que merecia ser levado as salas de aula e exibido nos principais canais de televisão. Reproduzo uma sinopse sobre ele, que diz:

“Filme sobre o golpe militar no Chile em 1973. Direção de Helvio Soto, 1975. O filme retrata a preparação e o momento do golpe do 11 de setembro, quando o governo de Salvador Allende, estando totalmente isolado na área militar, é derrubado. Allende, vitorioso nas eleições presidenciais de 1970 assume o governo, mas não o poder, pois o aparelho de Estado e a organização burocrático-militar é mantido intacta pelas forças reacionárias e elas não aceitam as mudanças que o governo Allende iniciou com o seu governo, beneficiando as camadas populares, era a Unidade Popular implementando as reformas de base no Chile e isso feria os interesses econômicos dos grandes grupos empresarias do país e do imperialismo norte-americano. Estes desencadeiam sabotagens, boicotes, gerando desabastecimento de gêneros de primeira necessidade para a população com o objetivo de criar um clima de crise, com isso desestabilizar o governo Allende”.

Nas palavras do Embaixador dos Estados Unidos em Santiago, E. Korry, a Eduardo Frei, em carta de outubro de 1970, ele diz:

"Deve saber que não permitiremos que chegue ao Chile um parafuso, nem uma porca... Enquanto Allende permanecer no poder, faremos tudo ao nosso alcance para condenar o Chile e os chilenos às maiores privações e misérias..."

Portanto, estava em preparação o golpe de Estado consumado em 11 de setembro de 1973, na operação sob o nome de “Chove Sobre Santiago”, executada pelas forças reacionárias do Chile, que teve como ponta de lança as Forças Armadas sob o comando do general Pinochet e que contou com o apoio direto da CIA, do governo dos EUA e também dos governos ditatoriais da América Latina, associados, depois, com o imperialismo norte-americano na "Operação Condor". O aparelho militar-policial do Estado chileno realizou um dos maiores banhos de sangue contra um povo nas últimas décadas na América Latina, o pior, tudo em nome da “democracia”. O próximo 11 de setembro de 2013 completa 40 anos desse famigerado golpe na democracia chilena, momento oportuno para realizarmos (Uern) um seminário sobre, A América Latina e o seu futuro.

Texto: Antonio Capistrano - ex-reitor da UERN