O Ministério Público do Estado do Ceará ajuizou nos primeiros dias do mês corrente, uma ação civil pública contra 13 médicos que atendiam no Hospital Regional de Iguatu e os 2 ex-diretores após denúncias de profissionais que estariam realizando cirurgias particulares em horário de plantão do SUS e /ou utilizando materiais da própria instituição de saúde para procedimentos privados.

O caso tomou repercussão na mídia estadual, não havendo ainda a divulgação dos nomes dos envolvidos. Com autorização do MP, a reportagem da Rádio Mais FM mediante cópia da Ação contactou todos os nomes citados no procedimento.

Os profissionais citados pelo MP são: José Viana de Abreu, Itemar Dantas Oliveira Junior, Samuel Anderson Vieira Rodrigues, Raimundo Raniere dos Santos Albuquerque, Marisete Campinho Braga, Joab Soares de Lima, Nelson Benevides Teixeira, Ana Patricia de Lima Barbosa, Francisco Urbano Cavalcante Galdino, Antonio Alberto Bandeira, Zelia Cristina de Morais Coutinho, Francisco Romulo Coelho de Figueiredo, Maria Auriciane Holanda Barbosa Pires, Maria Neuma Moura Bezerra e Sandro Lima Siqueira.

Resposta dos médicos:

José Viana - o diretor do hospital informou em conversa com a Mais FM que não irá se pronunciar enquanto não receber algo oficial do MP;

Junior Dantas - o servidor público e ex-coordenador hospitalar não atendeu as várias tentativas de ligação;

Dr. Samuel Rodrigues - foi procurado, mas estava em procedimento e após várias tentativas o mesmo não retornou as ligações;

Dr. Raimundo Raniere - não atende mais no HRI e não conseguimos contactá-lo;

Dra. Marisete Braga - foi contactada, mas também não gravou entrevista por estar atendendo paciente em alguns momentos;

Dr. Joab Soares de Lima - nos informou que não conhece a fundo o caso e só irá se pronunciar após conversa com advogado;

Dr. Nelson Benevides - foi procurado por telefone mas não retornou as ligações;

Dr. Antonio Bandeira - disse desconhecer que seu nome poderia estar dentro da Ação e informou que irá procurar o MP para desfazer o engano segundo ele;

Dra. Zelia Cristina - estava viajando quando ligamos e após outras tentativas seu celular estava desligado;

Dr. Francisco Romulo - não foi possível falar através de telefone, pois o mesmo não foi encontrado;

Dra. Maria Auriciane - foi avisada por sua funcionária do desejo de entrevistá-la, mas também não retornou as ligações;

Dra. Neuma Bezerra - disse desconhecer que seu nome estava entre os envolvidos e afirmou nunca ter realizado cirurgia particular dentro do HRI;

Dr. Sandro Siqueira - não atende mais no HRI e sendo procurado em clínica particular, não retornou as ligações;

Dra. Ana Patricia enviou nota por e-mail a Mais FM que consta: “NÃO CONHEÇO O CONTEÚDO DA ÍNTEGRA DESSE PROCESSO, MAIS PELO QUE FUI INFORMADA É DE GRANDE GRAVIDADE. EU APENAS COMECEI TRABALHAR NESSA UNIDADE NOSOLÓGICA A PARTIR DE MAIO DE 2013, EM REGIME DE PLANTÃO, NUNCA ,MAIS NUNCA RECEBI POR DUAS FONTES PAGADORAS, ATÉ DESEJO QUE O MINISTERIO PÚBLICO SEJA CAPAZ DE PROVAR,TAL ACUSAÇÃO.NA VERDADE, O QUE O MP FEZ, FOI APENAS PEGAR O NOME DOS PLANTONISTAS E COLOCAR EM SEU DOCUMENTO ACUSATÓRIO, TÃO GRAVE É ESSE ATO, FAZENDO DENUNCIA QUE TALVEZ NÃO SEJA CAPAZ DE PROVAR, CONTRA OS MÉDICOS QUE LÁ TRABALHAM, ACUSANDO SEM UM DIREITO VERDADEIRO DE DEFESA.

REALMENTE, UM SERVIDOR DO MP, ENTREGOU UMA CARTA VINDA DO MP, SOLICITANDO ALGUNS INFORMES PORÉM ELE NÓS DISSE QUE DEVERIAMOS COMPARECER, OBRIGATORIAMENTE, SÓ SE TIVERSEMOS ALGO A INFORMA AO MP, COMO EU APENAS COMECEI A TRABALHAR A ALGUNS MESES E NÃO TINHA NADA A INFORMAR,NÃO ME PREOCUPEI COM ESSE CHAMAMENTO.“

Dr. Urbano Galdino também enviou nota que diz: “Recebi, pouco mais de 1 mês atrás, documento do Ministério Público solicitando que eu me manifestasse, se eu quisesse, a respeito de uma internação de caráter particular que fiz em março de 2013 no Hospital Regional de Iguatu. Dirigi-me ao Hospital, solicitei o prontuário do paciente e, com os dados em mãos, fiz um documento explicativo que entreguei no Ministério Público. Em minha resposta informei que, naquele dia da internação, eu estive de plantão por 12 horas, de 07h às 19h, na emergência pediátrica do Hospital Regional e, que, como se podia ver pela hora da internação, ela foi feita no final do meu plantão e que, na verdade, o paciente havia sido atendido por mim no Hospital São Camilo um dia antes e, de lá, encaminhado para o Hospital Regional de Iguatu para receber transfusão sanguínea e ser transferido para Fortaleza, onde o paciente já fazia tratamento de câncer. A transferência se deu no dia seguinte à internação e o paciente faleceu em Fortaleza, dada a gravidade de sua patologia. Deixei claro, portanto, que não o atendi durante o meu plantão no Hospital Regional e, depois disso, não recebi mais nenhuma manifestação do Ministério Público.”

Segundo conta no documento do MP todos os profissionais foram notificados para se manifestarem a cerca dos fatos mencionados tendo sido apresentada defesa pelos médicos, Urbano Galdino, Joab Soares, Antonio Bandeira, Nelson Benevides, Sandro Siqueira e Marisete Braga, conforme a Ação os argumentos não foram suficientes para afastar as irregularidades relativas aos atendimentos médicos no horário de plantão do SUS.

O MP pede ao Juiz da Comarca de Iguatu que aprecie a Ação Civil Pública de responsabilidade pelo cometimento de atos de improbidade administrativa com pedido de ressarcimento aos pacientes lesados, com também o afastamento do diretor do hospital.

Baixe aqui o documento do Ministério Publico que acusa dos médicos do HRI

Fonte: Daniela Lima | www.maisfm.org.br