Os depoimentos do servidor público federal, Luís Ricardo Miranda e seu irmão o deputado bolsonarista, Luis Miranda (DEM-DF), implodiram a CPI de Covid na tarde dessa sexta, 25/06. Os depoimentos foram feitos acompanhados de apresentação de documentos, e-mails e conversas de whatsapp entre os irmãos e o auxiliar de Bolsonaro, Diniz Coelho que confirma o encontro dos irmãos com o presidente Jair Bolsonaro (sem Partido) no sábado, 28 de março. O encontro foi pautado e motivado pelas suspeitas de Superfaturamento no valor de compra da vacina indiana Covaxin vendidas ao governo pela Precisa.

“Achei estranha a documentação e vi que existia algo suspeito nessa compra no valor de 1.2 bi, a pressa no pagamento antecipado de 45 milhões a uma empresa envolvida em denúncias de corrupção na venda de produtos hospitalares no Distrito Federal. Procurei meu irmão para que ele conversasse e antecipasse a situação para o presidente Bolsonaro”, falou Luis Ricardo.

O deputado Luiz Miranda confirmou o encontro com o presidente que se mostrou bastante sensibilizado com a denúncia feita a ele.

“O presidente Bolsonaro me disse que isso era coisa de uma pessoa que não me recordo o nome agora e que acionaria a Polícia Federal para investigar”.

Os governitas já atacavam os irmãos Miranda antes mesmo deles deporem na CPI e realizaram várias obstruções, principalmente quando Bolsonaro era citado. O senador Marcos Rogério perguntou ao servidor por que ele não procurou seu superior para apresentar as suspeitas que detectou. “Não tenho contato com os seus superiores por isso procurei o meu irmão para avisar ao presidente antecipadamente do que estava acontecendo, o presidente também é meu superior, por isso não cometi nenhuma irregularidade”. Após a resposta de Ricardo o senador Rogério acompanhado do senador líder do governo, Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE), iniciaram a fazer ameças ao servidor que foi defendido pelos demais senadores presentes.

O deputado Luis Miranda seguiu seu depoimento sendo pressionado pelos senadores a dizer o nome da pessoa citado pelo presidente.

“Isso é coisa do Ricardo Barros, disse Bolsonaro”, "não disse antes o nome de Ricardo Barros para preservar a imagem dele", disse Miranda.

O deputado federal Ricardo Barros (PP-PR) e o líder do governo escolhido pelo presidente na Câmara Federal e o mesmo foi Ministro da Saúde no governo Michel Temer.

Prevaricação é crime para Impeachment

Para os senadores membros da CPI, Bolsonaro sabia da corrupção e quem estava fazendo e não pediu a PF para investigar e com isso ele comete crime de prevaricação o que leva a um pedido impeachment.

Na tarde dessa segunda, 28, o senador Randolfe Rodrigues (REDE-AP encaminhou uma queixa-crime por prevaricação para o Supremo Tribunal Federal (STF) que tem como relatora a Ministra Rosa Weber que intimou a Procuradoria Geral da República (PGR) uma resposta com prazo de 48h do presidente Bolsonaro sobre as denúncias feitas pelo deputado Luis Miranda e se foi aberto inquérito na Polícia Federal.

Silêncio de Bolsonaro

O presidente Bolsonaro não rebateu o depoimento dos irmãos Miranda nem quando foi questionado, ele repetiu as ameaças aos irmãos feitas pelo Ministro Onyx Lorenzoni na quinta, 24.

CPI do Covid será agitada essa semana

A CPI do Covid que já está comtrês meses de atuação está madurecendo uma lista de crimes já cometidos pelo governo na pandemia do coronavírus (Covid-19) e essa semana vai contar com vários depoimentos importantes com o do empresário Carlos Wizard na quarta 30 para esclarecer sua participação no chamado "gabinete paralelo da saúde" que aconselhava o presidente e o ex-ministro Eduardo Pazuello com medidas sanitárias como o uso de cloroquina, ivermectina e imunidade de rebanho.

O deputado Ricardo Barros que disse a imprensa está a disposição da CPI que ainda não tem data marcada, mas pela citação de seu nome vir do presidente Bolsonaro deve ter depoimento em caráter de urgência durante essa semana.